Os riscos que o cigarro provoca para a saúde já são velhos conhecidos. A incidência de doenças do sistema cardiovascular e de câncer, principalmente de pulmão, é comprovadamente maior entre fumantes. Como se isso não bastasse para que as pessoas largassem esse vício, um estudo feito no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) tenta provar a tese de que o cigarro também pode afetar a saúde mental.
Através de um levantamento em mais de 70 artigos da base de dados internacional Medline , o Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas (Grea) da FMUSP chegou a conclusão de que a incidência de doenças mentais é mais evidente nos fumantes do que no restante da população. Os autores da pesquisa fizeram o cruzamento entre palavras-chave como "fumo", "dependência de nicotina" com termos que representam problemas psiquiátricos como "depressão e "esquizofrenia".
Foram encontradas associações do fumo com depressão, pânico, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, esquizofrenia e abuso de drogas. Os resultados desse cruzamento de informações mostraram que a depressão e o abuso de drogas são os problemas que têm mais referências encontradas com o cigarro.
Um dos autores do estudo, Hercílio da Oliveira Jr., explica, em entrevista à Agência Fapesp, que os dados agrupados podem significar uma via de mão dupla: "Em primeiro lugar, indica que o tabagismo predispõe o indivíduo a algumas doenças psiquiátricas. Por outro lado, os indivíduos que já apresentam doenças mentais fumam muito mais do que outros fumantes que não sofrem nenhum tipo de desvio psiquiátrico". A pesquisa também comprova uma velha teoria de que aqueles que fumam cigarro têm uma predisposição muito maior de se viciar em drogas mais pesadas.