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Setor de saúde se ajusta e começa a sair do vermelho
11/05/2006
O seguro saúde poderá ser a grande surpresa em 2006. A opinião é do consultor Luiz Roberto Castiglione, do Instituto Roncaratti de Seguros, depois de analisar os números dos balanços das seguradoras e operadoras de saúde no primeiro trimestre de 2006.
Com base em dados divulgados pela Agência Nacional de Saúde (ANS), órgão federal que fiscaliza e regulamenta o setor, Castiglione constata que houve significativa melhora no desempenho das empresas no período, comparado com os anos anteriores. O lucro líquido conjunto, de R$ 155,5 milhões, é mais de 460% acima dos R$ 27,6 milhões de 2005 e R$ 17,4 milhões de 2004. A taxa média de retorno sobre o patrimônio líquido foi equivalente a 14,11% ao ano comparado a 5,05% em 2005 e 3,23% em 2004. A rentabilidade operacional foi equivalente a 9,1% dos prêmios ganhos contra 1,1% de 2005 e 0,7% de 2004.
A taxa de sinistralidade retida - gastos com indenizações previstas nos contratos, ou seja, pagamento de consultas e despesas médicas e hospitalares - foi equivalente a 82,7% dos prêmios ganhos, uma redução significativa se comparado com os 88,0% de 2005 e 86,8% de 2004. Isso significa que as empresas reduziram em R$ 110 milhões suas despesas com indenizações.
São números surpreendentemente bons para um setor que há anos vive às turras com o governo, os segurados e os prestadores de serviços - médicos, clínicas, laboratórios, hospitais - em torno dos custos elevados e reajustes limitados. Tudo indica que o clima está desanuviando.
Os balanços mostram que o mercado ainda é extremamente concentrado nas duas maiores empresas, a Bradesco Saúde e a SulAmérica, que respondem pela maior parte dos negócios (42,85% e 38,27% do faturamento total em prêmios, respectivamente). No entanto, a participação das demais avançou do ano passado para cá, de 16,89% para 18,88% do faturamento.
Para Castiglione, os números refletem o sucesso dos esforços de mudança na política comercial que repercutiu na queda da sinistralidade e conseqüentemente em maior "folga de caixa", produzindo resultados mais favoráveis. As elevadas taxas de juros do mercado financeiro - onde as seguradoras aplicam os recursos das reservas acumuladas com os pagamentos dos clientes - ajudaram.
Mas as empresas também cortaram na própria carne, reduzindo os custos administrativos de 10,4% dos prêmios em 2005 para 7,9% em 2006. Foi o que fez a SulAmérica, por exemplo, que saiu do vermelho em 2004 para um lucro de R$ 105 milhões no primeiro trimestre.
As grandes operadoras partiram para a verticalização de suas atividades, atuando em toda a cadeia da prestação de serviços em saúde - médicos, clínicas e hospitais próprios. "As operadoras que trabalham verticalizadas têm condições melhores de gerenciar seus riscos", explica Helio Novaes, ex-vice presidente da SulAmérica que agora está iniciando seu próprio negócio de corretagem de seguros, a corretora Quorum. Ele aponta também mudanças no relacionamento das empresas com clientes e fornecedores: "As regras de correção dos prêmios ficaram mais claras e a relação com os hospitais mais rigorosa", analisa Novaes.
Luiz Kaufmann, executivo que acaba de assumir a presidência da Medial, confirma: "Claro que os reajustes são importantes mas havia um trabalho para fazer dentro de casa que todos estão fazendo". A Medial atuou não apenas na otimização de recursos, contendo os desperdícios de recursos médicos e a fraude, por meio de auditorias mas atacou também a sinistralidade, com programas de prevenção. Somente no ano passado, a empresa cresceu 30%, investiu R$ 35 milhões e tem planos de investir mais R$ 45 milhões em 2006.
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