Operadoras de saúde e de auto-gestão estão conseguindo reduzir custos por meio do monitoramento de doentes crônicos, como diabéticos, hipertensos e cardiopatas. Esses pacientes representam 10% dos 40 milhões de usuários de planos de saúde no país e são responsáveis por 45% dos custos das operadoras.
Os doentes crônicos gastam em média R$ 10 mil por ano com médicos, exames laboratoriais, prontos-socorros e internações. Uma pessoa considerada saudável custa, em média, R$ 300 por ano às operadoras, segundo empresas de consultoria do setor.
Em geral, o monitoramento é feito por equipes formadas, principalmente, por enfermeiras, nutricionistas e psicólogas, contratadas pelos planos e seguros de saúde. Por meio do telefone ou de visitas, os profissionais entram em contato com o paciente para saber como ele está. O serviço não tem custo adicional ao usuário.
As orientações mais comuns são sobre a medicação prescrita pelo médico, dicas de dietas e de atividades físicas adequadas para o perfil do paciente, além da medição da taxa de glicemia e da pressão arterial.
Segundo o médico Joel Rocha de Mello, diretor da AxisMed, que oferece esse tipo de monitoramento aos planos de saúde, entre quase 5.000 pacientes acompanhados, o índice de adesão ao tratamento está entre 95% e 97%.
O serviço é feito por meio de um call center formado por 45 enfermeiras e com o apoio de uma equipe multidisciplinar. Apesar de considerar a redução de custos uma questão "secundária", Mello diz que o monitoramento faz com que os pacientes deixem de usar o sistema suplementar de saúde desnecessariamente.
"Se ele for diabético e souber reconhecer os sintomas de hipoglicemia ou hiperglicemia, vai deixar de ir ao pronto-socorro sempre que sentir mal-estar."
Também é comum, diz, pacientes crônicos desistirem do tratamento. "Quando se sentem melhor, param de tomar remédio. É bom ter alguém para lembrá-los [de continuar o tratamento]."
Tendência
Na opinião de Arlindo de Oliveira, presidente da Abrange, o monitoramento de pacientes crônicos é a tendência de todas as operadoras de saúde. Segundo ele, o serviço começou nos EUA e hoje está implantado na maior parte das grandes empresas de saúde suplementar.
Oliveira afirma que, após implantar o monitoramento, as empresas registram uma redução média de 60% de internações, consultas e exames.
A Abet (Associação Beneficente dos Empregados em Telecomunicações), operadora do Plamtel, plano de autogestão da Telesp, extensivo aos empregados do Grupo Telefônica e Vivo, conseguiu uma economia bruta mensal de R$ 452,69 por usuário após adotar a medida.
Aposentada diz que tem mais segurança
A aposentada Geni Gambá, 68, "monitorada" há um ano, conta que se sente mais segura com o contato que mantém com a enfermeira do programa oferecido pelo seu plano de saúde e diz que diminuiu suas idas ao médico.
"Ela me passa dieta e sempre liga para saber se está tudo bem, se estou mantendo o peso e tomando os remédios. Um dia quis saber o quanto de leite eu poderia beber. Estava preocupada porque soube que os idosos não podem beber muito leite", disse Gambá.
Hipertensa e com duas pontes de safena e uma mamária, Geni diz que também tinha dúvidas se, em razão do problema cardíaco, poderia continuar dançando. "Ela disse que sim, que não haveria problema. É uma terapia. Esqueço de todas as dores", conta.