Notícia

Skip Navigation LinksHome > Simpro > Notícia

Avanço sobre a Sulamérica
15/08/2006

Golden Cross negocia a compra dos seguros de saúde individuais da concorrente. Vale a pena
Em pouco menos de dez anos, a trajetória da Golden Cross sofreu uma guinada de 180 graus. De vendida, a operadora de planos de saúde carioca passou à condição de potencial compradora. Adquirida pela Cigna em 1997, a companhia escapou por um triz da falência dois anos depois, quando a controladora americana entendeu que já havia perdido dinheiro demais no Brasil (US$ 320 milhões), fez as malas e foi embora. De lá para cá, a Golden Cross recolocou suas contas no azul e reencontrou o caminho do lucro. Agora, prepara-se para dar um enorme passo rumo à parte de cima do ranking do setor. Negocia a compra da carteira de planos individuais, para pessoas físicas, da SulAmérica. O negócio, segundo informações de mercado, deve girar em torno dos R$ 50 milhões e ser anunciado dentro de algumas semanas. Quem já viveu experiência do gênero diz que a transferência de uma carteira é um processo que leva, no máximo, 90 dias para ser concretizado.
O passo em questão é tão ambicioso que muita gente no mercado suspeita de que seja maior do que as pernas da Golden Cross. Para recuperar a saúde financeira, a companhia passou por um minucioso trabalho de reestruturação, comandado pelo atual presidente, João Carlos Regado. Abandonada pela controladora e endividada até o pescoço, a empresa passou por uma faxina geral, que culminou na redução de sua carteira de dois milhões de vidas para cerca de 500 mil – concentradas em planos empresariais. Caso a compra da operação de seguros individuais da SulAmérica vingue, esse número deve dobrar. Mas com uma clientela evitada pela maioria das medicinas de grupo. “A Golden Cross vem se recuperando bem, com estratégia focada em planos empresariais”, observa o médico-empresário Silvio Corrêa da Fonseca, um dos sócios da operadora de planos de saúde Lincx. “Comprar uma carteira de pessoas físicas agora não é normal.”
A SulAmérica vem tentando se desfazer do negócio de planos individuais há pelo menos quatro anos. Desde o início do ano passado, a seguradora não vende mais este tipo de produto – principal responsável pelos prejuízos apresentados por ela até 2005. Trata-se de uma carteira deficitária, com média de idade elevada e índice de sinistralidade (ocorrência de cirurgias, exames, etc.) de 79,4%. “Com uma margem dessas, é prejuízo na certa”, afirma Leopoldo Barros, da consultoria LBarros. O patamar considerado aceitável pelos técnicos do mercado é de, no máximo, 75%. “A venda dos planos individuais seria, sem dúvida, um grande negócio para a SulAmérica”, diz o consultor Roberto Castiglione, da Castiglione Business. “Mas será que o contrário é verdadeiro”
Naturalmente, por trás do avanço da Golden Cross deve haver uma estratégia de negócio. O principal desafio é convencer o maior número possível de clientes da SulAmérica a migrar do seguro saúde (com reembolso de despesas obrigatório) para o plano de saúde. Assim, a Golden Cross, que trabalha fortemente com rede própria, teria maior controle sobre as despesas e melhores condições de combater as fraudes. “Uma maneira de fazer isso é oferecer planos com coberturas mais amplas do que as oferecidas pela seguradora”, cogita Walter Graneiro, da Capitólio. Além disso, com a carteira da SulAmérica, a Golden Cross ganharia escala e seus custos administrativos seriam diluídos. Por ora, a SulAmérica limita-se a dizer que não comenta boatos de mercado. E a Golden Cross explica que prefere não se pronunciar “para não atrapalhar a negociação”.
R$ 50 milhões é o valor estimado da carteira da SulAmérica
R$ 320 milhões foi o prejuízo da Cigna com a Golden Cross nos anos 90

Fonte: