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Doenças ocupacionais respiratórias: um grave problema de saúde pública
26/03/2010

2010: ANO DO PULMÃO
Doenças ocupacionais respiratórias: um grave problema de saúde pública
Estima-se que cerca de 1.275.000 brasileiros tem asma causada ou agravada por condições de trabalho e 900.000 brasileiros apresentam DPOC atribuível a fatores ocupacionais

As doenças respiratórias ocupacionais no Brasil, embora muito frequentes, são pouco conhecidas do grande público. Asma ocupacional, rinite ocupacional, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), câncer de pulmão e pneumoconioses estão entre os principais problemas adquiridos ou agravados em ambiente de trabalho devido à exposição a agentes específicos, como a poluição do ar, gases, fumos ou partículas nocivas.
“As principais doenças respiratórias causadas pelo trabalho no Brasil são aquelas que afetam os brônquios e bronquíolos, como a asma relacionada ao trabalho, bronquite crônica e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), avalia dr. Eduardo Algranti, presidente da Comissão de Doenças Ambientais e Ocupacionais da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) e chefe da Divisão de Medicina da FUNDACENTRO.
A asma e a DPOC, explica o especialista, têm causas múltiplas e podem ser desencadeadas por interações entre fatores do paciente (genéticos, hereditários), hábitos pessoais, como o tabagismo, ou ambientais, como a exposição a gases, vapores, fumos e poeiras no ambiente de trabalho. A mais frequente delas, aliás, é a asma relacionada ao trabalho.
“Estima-se que cerca de 10% dos asmáticos adultos apresentem asma relacionada ao trabalho”, avalia dr. Algranti. As principais vítimas são trabalhadores de limpeza, de indústrias de plásticos, química, farmacêutica, calçados, metal-mecânica e eletrônica, pintores e trabalhadores expostos a poeiras de madeira. Geralmente, ainda jovens, estes trabalhadores têm repercussões clínica, social, econômica e legal de importância, pois não podem retornar para a atividade que gerou a doença por risco de perpetuação dos sintomas e piora gradativa.

 

AGENTES CAUSADORES
As exposições inalatórias em ambientes de trabalho englobam uma gama extensa de agentes, gases, vapores, névoas, neblinas e aerossóis com potencial de causar reações no sistema respiratório.
Até mesmo a DPOC, que tem como causa principal o tabagismo, tem parcela de casos atribuíveis a exposições ocupacionais a substâncias como gases clorados, fumos de diesel e poeiras como a sílica ou o carvão mineral. Nestes casos, o dano pode ser agravado em caso de fumantes, ainda que passivos.
O câncer de pulmão de causa ocupacional tem listados 19 causas comprovadas pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC/OMS) e mais de uma centena de prováveis cancerígenos. Entre as substâncias químicas comprovadamente cancerígenas estão, por exemplo,  o amianto, o cádmio, o cromo, o níquel, a sílica, névoas de vapores de ácidos fortes e alcatrões.

PNEUMOCONIOSES
Ainda que não sejam as doenças respiratórias ocupacionais mais prevalentes, as pneumoconioses, causadas pela reação do tecido pulmonar à presença de poeiras inaladas e depositadas, estão entre as mais graves.
De acordo com o dr. Algranti, a principal pneumoconiose no Brasil é a silicose, causada pela reação pulmonar à poeira de sílica cristalina.
“Casos de silicose ocorrem em diversos segmentos da economia, como mineração e transformação de minerais, indústria da construção, cerâmica e vidros, metalurgia, artesanato de pedras preciosas e semipreciosas, garimpo, cavação de poços, indústria de cosméticos e produtos de limpeza, entre outros”.
Minas Gerais é campeã em casos; região Sudeste também sofre
Minas Gerais é o estado que concentra o maior número de casos diagnosticados de silicose no Brasil, pela intensa atividade de mineração de ouro, quartzo, garimpo, lapidação de pedras e outras atividades do setor mineral, explica o especialista.
Na região de Criciúma, Santa Catarina, também há centenas de casos de pneumoconiose resultante da inalação e deposição de poeiras em operações de mineração de carvão mineral.
Da região Sudeste, notadamente em São Paulo e no Rio de Janeiro, há dezenas de casos de aspestose relacionados à exposição ao amianto em indústria de cimento-amianto e têxteis. Nestes casos, a asbestose deve-se à inalação e deposição de fibras de amianto (asbesto), mineral utilizado na fabricação de telhas, caixas d’água, pastilhas e discos de freios, isolamento térmico de máquinas e dutos e alguns tecidos não combustíveis.
Além da pneumoconiose, o amianto é cancerígeno e sua exposição associa-se a aumento na incidência de câncer de pulmão e de Mesotelioma, este último podendo aparecer mesmo em exposições consideradas baixas.

PREVENÇÃO

A falta de medidas corretivas no ambiente é um dos maiores complicadores. Além de prevenir tais problemas por meio de proteção coletiva eficiente e algumas condutas, como o controle em relação à exposição às substâncias nocivas, podem diminuir os riscos e também os danos de doenças já adquiridas.
“Em certos ramos de atividade econômica no país, as pneumoconioses são ainda prevalentes em níveis inaceitáveis pelo atual conhecimento de seus métodos de prevenção”, alerta dr. Eduardo.
O problema é ainda maior se considerarmos que a maior parte das exposições ocupacionais de risco são passíveis de controle. “Estima-se que no Brasil haja 15 milhões de asmáticos, entre crianças e adultos, e 5 milhões portadores de DPOC. Admitindo-se que metade dos asmáticos seja adulta e que a vasta maioria de pacientes com DPOC também, estima-se que cerca de 1.275.000 brasileiros tem asma causada ou agravada por condições de trabalho e 900.000 brasileiros apresentam DPOC atribuível a fatores ocupacionais. Isto significa que mais 1% da população brasileira é portadora de doença respiratória obstrutiva atribuível ao trabalho”, conclui.

FONTE:
Acontece Comunicação e Notícias
Kelly Silva ou Monica Kulcsar
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