Dados da Secretaria de Estado da Saúde revelam que maior incidência ocorre entre
bebês com até dois meses de vida, que ainda não têm idade para receber a vacina.
Médicos apontam a necessidade de reforço vacinal dos familiares
para proteger as crianças pequenas.
Entre 2007 e 2008, as notificações de coqueluche no Estado de São Paulo subiram 45%, passando de 159 para 231 casos.
Do total de atingidos em 2008 por esta doença, também conhecida por “tosse comprida”, mais da metade (119 casos) foram bebês com até dois meses de vida, que não têm idade para receber a vacina. Depois deles, as maiores infectadas (25%) foram as crianças entre três e seis meses de idade (59), que ainda não haviam completado o esquema de vacinação.
Na opinião de especialistas, como o médico Marco Aurélio Sáfadi, professor-assistente de Infectologia Pediátrica da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, esses números sinalizam a importância de crianças maiores, adolescentes e adultos, que convivem com as crianças pequenas, receberem as doses de reforço da vacina, para que se mantenham imunes à infecção. “O reforço é importante porque, com o passar do tempo, a pessoa perde a imunidade conferida pela vacina”, explica Marco Aurélio.
A partir da idade escolar, a coqueluche geralmente se manifesta de forma atípica, sem os sintomas clássicos - acessos prolongados de tosse, guinchos e falta de ar. O doente muitas vezes tem apenas tosse prolongada, que é confundida com doenças respiratórias mais leves. “Como não sabe que está com coqueluche, ele acaba transmitindo a doença para as crianças, que ainda não tomaram a vacina ou foram parcialmente imunizadas”, ensina o médico.
Estudo realizado no ano passado por oito hospitais e centros de pesquisas dos Estados Unidos, Canadá e França, envolvendo 95 crianças e 404 parentes, amigos e babás, demonstrou que até 83% dos responsáveis pela contaminação de bebês menores de seis meses por coqueluche eram seus próprios familiares: os pais (55%), irmãos (16%), tios (10%), amigos e primos (10%), avós (6%) e babás (2%). O trabalho foi publicado no The Pediatric Infectious Diseases Journal, periódico oficial das sociedades européia e norte-americana de Doenças Infecciosas Pediátricas.
Causada pela bactéria Bordetella pertussis, a coqueluche atinge por ano entre 20 a 40 milhões de pessoas no mundo, provocando até 400 mil mortes, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde. As crianças menores de dois anos infectadas correm o risco de desenvolver diversas complicações, principalmente pneumonia e insuficiência respiratória aguda, que demandam internação. Essas complicações podem até causar paradas respiratórias, capazes de deixar seqüelas mentais e motoras por causa da falta de oxigenação do cérebro.
COQUELUCHE NÃO É DOENÇA DO PASSADO
A pediatra e infectologista Luíza Helena Arlant Falleiros-Carvalho, do Núcleo Consultivo do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, faz também uma outra leitura sobre a curva ascendente de notificações de coqueluche em São Paulo. Ela lembra que há doenças, como a coqueluche, com picos de incidência a cada quatro ou seis anos, o que explicaria o súbito aumento de registros oficiais. Também não descarta a possibilidade de as notificações terem crescido, porque os médicos estão mais atentos para a “tosse comprida”.
“Nos jovens e adultos, a subnotificação ocorre porque muitos médicos pensam que a coqueluche é uma doença do passado ou que as pessoas vacinadas estão imunes para o resto da vida”, observa. Além disso, alguns testes laboratoriais para a detecção da doença – como o da sorologia – não são padronizados e estão sujeitos a falhas.
A dificuldade do diagnóstico, aliada à falta de informações precisas, seria um dos motivos pelos quais no Brasil a maior parte dos casos registrados envolve menores de um ano. “Nos países desenvolvidos, detecta-se a doença em todas as faixas
etárias. Será que no nosso país a coqueluche só atinge as crianças ou o que ocorre é uma subnotificação da doença em adolescentes e adultos?”, indaga a médica. Certamente os casos em crianças maiores, adolescentes e adultos não são diagnosticados e, portanto, são subnotificados.
Na análise do infectologista Marco Aurélio Safadi, a grande preocupação em relação aos casos em crianças maiores, adolescentes e adultos é que estes indivíduos podem contagiar justamente as crianças pequenas, ainda não imunizadas ou apenas parcialmente imunizadas, nas quais a doença apresenta maior repercussão clínica.
SEGUNDO REFORÇO PROLONGA A IMUNIDADE
As vacinas contra coqueluche, tétano, difteria e poliomielite devem ser dadas em três doses nos primeiros dois, quatro e seis meses de vida do bebê. O primeiro reforço é indicado aos 15 meses. Para prolongar a duração da imunidade contra coqueluche, tétano, difteria e poliomielite, o Ministério da Saúde, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomendam o segundo reforço entre os 4 e 6 anos.
A Sanofi Pasteur, a divisão de vacinas da Sanofi-Aventis, disponibiliza no Brasil a única vacina combinada capaz de oferecer, com uma só dose, o segundo reforço adequado contra difteria, tétano, coqueluche e poliomielite para crianças de cinco a 13 anos. É a vacina conhecida internacionalmente como Tetraxim.
Desenvolvida com tecnologia de ponta, esta vacina já vem pronta para uso – 100% líquida na seringa, o que facilita a administração. Por proteger contra mais de uma doença, simplifica o esquema de imunização e estimula os pais a seguirem corretamente o calendário determinado pelos médicos.
Graças a uma sofisticada técnica de purificação, o componente contra coqueluche de sua formulação é acelular: tem apenas os fragmentos da bactéria causadora da doença, a Bordetella pertussis, que estimulam a produção de anticorpos. Alguns elementos geradores das reações adversas são descartados.
A pediatria Lucia Bricks, doutora em medicina pela USP e gerente médica da Sanofi Pasteur, a divisão vacinas da Sanofi Aventis, informa que em estudo (ainda não publicado), realizado em Curitiba, no Paraná, mais de um terço das crianças matriculadas na 1a série do Ensino Fundamental de escolas privadas não haviam recebido o segundo reforço das vacinas contra coqueluche.
“Como a vacina utilizada na rede publica é composta por células inteiras e só pode ser administrada em crianças com menos de 7 anos, esta nova vacina da Sanofi Pasteur seria uma excelente opção para se evitar a coqueluche em escolares, que não receberam a dose de reforço na data apropriada”, declara a médica. Por ser formulada com vírus inativados (mortos) da poliomielite, ela também induz altos títulos de anticorpos contra os três vírus da doença, possivelmente propiciando proteção mais prolongada em comparação com a vacina oral.
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