Médicos ortopedistas de mais de 50 países estarão presentes no Congresso Mundial, que debate também alongamento estético
Os altos índices de acidentes de trânsito no Brasil, com 174.273 internações a um custo de R$ 219,7 milhões só no ano passado, segundo o Ministério da Saúde, preocupam cada vez mais a sociedade, em especial a área médica. Os avanços da medicina para esses pacientes, assim como para vítimas de outro tipo de trauma externo ou de patologia congênita ou adquirida relacionadas ao aparelho locomotor, serão discutidos durante o II Congresso Mundial de Fixação Externa da Sociedade Internacional de Reconstrução e Alongamento Ósseo e o 11º Congresso Mundial do Comitê ASAMI, da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), entre os dias 6 e 8 de setembro, no Hotel Iberostar, na Praia do Forte, Bahia.
A reconstrução e o alongamento ósseo são especialidades da medicina ortopédica que têm como objetivo a correção de desigualdades de comprimento dos membros superiores ou inferiores; o alongamento é usado também nas questões estéticas do corpo, um dos temas do Congresso Mundial. O alongamento pode ser aplicado para tratar deformidades ou reconstruções ósseas tanto em crianças quanto em adultos.
As cirurgias para alongamento ósseo apresentaram grande evolução após os estudos do russo Gavrill A. Ilizarov que, na década de 50, desenvolveu uma metodologia com o uso de fixador externo circular, conhecido como “gaiola”. “A formação do novo osso ocorrerá baseada no fator biológico, que é manter íntegra a estrutura que forma o osso, e o fator mecânico, dado pelo fixador com grande estabilidade, seguindo o ritmo de periodicidade correto”, explica o presidente do Congresso Mundial, José Carlos Bongiovanni, ressaltando que Ilizarov descobriu, através de experimentos, que se um osso vivo é seccionado ao meio e depois tracionado a uma velocidade média de um milímetro por dia forma-se um novo osso.
Segundo Bongiovanni, esse é maior encontro científico da especialidade, onde haverá a presença de centenas de professores nacionais e internacionais, experts no assunto, que trarão as mais recentes novidades de alongamento e reconstrução osteoarticular. De acordo com o médico, a fixação externa é provavelmente ainda o melhor meio para alongamento e transporte ósseo, porém a reconstrução óssea e articular tem outros métodos e síntese interna e de artroplastias que também são utilizados e que serão demonstrados nesse evento.
“A especialidade avança a passos largos, já temos fixadores que são controlados por computador, assim como alongamento ósseo sem o uso de fixador e sim por haste interna no osso”, diz. “O alongamento ósseo é fundamental para pessoas que têm desigualdade dos membros, assim como para alongar pessoas com problemas de baixa estatura, como os acondroplásicos (anões), os quais é possível alongar em torno de 40 cm e reintegrá-los à sociedade”, completa.
Os principais temas do Congresso, na traumatologia, referem-se ao tratamento do acidentado com traumas de alta energia, com perda óssea e lesão de tecidos, além do tratamento das fraturas de osso com osteoporose, no caso das pessoas idosas. Serão discutidas também deformidades congênitas e adquiridas não-traumáticas em crianças e adultos e deformidades pós-traumáticas em crianças e adultos.
Alongamento estético
O Congresso Mundial também discutirá o alongamento estético, assunto que foi capa da revista Veja, em abril desse ano, mostrando a procura desse tratamento por pessoas de baixa estatura que, no mercado de trabalho, levam desvantagem em relação aos concorrentes. “O alongamento estético será um dos focos do nosso Congresso. Teremos uma discussão muito além da técnica. Vamos falar também das implicações jurídicas, sociais, profissionais e pessoais”, afirma Dr. Bongiovanni.
Mais informações sobre o II Congresso Mundial de Fixação Externa da Sociedade Internacional de Reconstrução e Alongamento Ósseo pelo site: www.externalfixation2012.com/