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Seguro-Saúde: Mercado encolhe e se volta para as empresas (Página 2)
15/03/2006
Segundo a ANS, o número de usuários cresceu cerca de 2 milhões em 2005, totalizando 42,4 milhões de pessoas, sendo que a maior parte desse crescimento se deu nos planos exclusivamente odontológicos. Mas o mercado questiona esses números. Arlindo de Almeida, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Medicina de Grupo (Abramge) calcula em 35 milhões o número de usuários de planos e seguros de saúde e 5 milhões em planos odontológicos, num total de 40 milhões de pessoas, em comparação a 42 milhões em 1999, um ano após a entrada em vigor da Lei 9656/98. "O mercado continua estagnado se se considerar o crescimento vegetativo da população, principalmente no que diz respeito a planos individuais e familiares", afirma Almeida.
Para Almeida, o número maior de usuários apontado pela ANS é resultado de uma atualização do cadastro da agência, com a incorporação de clientes das cooperativas (segundo maior grupo de assistência médica, com 10,5 milhões de clientes), que só há alguns meses assinaram um acordo com a agência para abertura de suas estatísticas. Ele concorda com Cardoso, porém, no que diz respeito à tendência de concentração: "Hoje o plano de saúde tem que ter escala". Almeida acha que o futuro da saúde privada "não é dos mais promissores" porque a evolução da medicina, com novos procedimentos cada vez mais caros, o envelhecimento da população e o aumento da sobrevivência, complica a situação. "Este é um problema não só no Brasil mas em todo mundo", conclui o presidente da Abramge.
A autogestão tem sido uma saída para as empresas que também sofrem com aumento dos custos dos planos para seus funcionários. Sem fins lucrativos por definição, os planos de autogestão já atendem 5,3 milhões de segurados e faturaram R$ 6 bilhões em 2005. Segundo Marilia Ehl Barbosa, presidente da Unidas, entidade que reúne 152 operadoras de autogestão, o sistema consegue melhores resultados porque parte de um princípio de atendimento a grupos menores com perfil específico. "A autogestão permite ter dados gerenciados e fazer programas de prevenção", diz.
Suspensa venda de planos individuais
As duas grandes seguradoras de saúde, Bradesco e SulAmérica abandonaram de vez a venda de planos individuais e agora disputam o mercado corporativo. A AGF Saúde, que nunca vendeu para pessoas físicas, mantém a estratégia. Dessa forma, ajustaram o negócio à realidade da regulamentação e melhoraram os resultados. A exceção foi a Bradesco, cujo grupo bancário controlador promoveu no ano passado uma reorganização societária, colocando a empresa de saúde diretamente sob controle do banco, tirando do organograma da holding de seguros.
O objetivo foi fazer frente à necessidade de capital requerido pelos sucessivos resultados negativos, explicou Samuel dos Santos, diretor geral do grupo. Em 2005, a Bradesco Saúde aumentou suas receitas com seguros de saúde em 15,8%, para R$ 3,6 bilhões, graças ao foco no seguro empresarial, mas fechou o ano com um prejuízo de R$ 210 milhões. O resultado negativo se deu pelo lançamento de R$ 521 milhões como provisão para perdas em ações judiciais de seus planos de saúde, comparado a aproximadamente R$ 200 milhões em 2004, em parte por uma postura mais conservadora e em parte atendendo a exigências de fortalecimento das provisões para demandas judiciais impostas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).
Na SulAmérica, a segunda maior do mercado, somando as três empresas de saúde controladas do grupo o resultado foi significativamente melhor em 2005, com um lucro conjunto de mais de R$ 150 milhões. O índice de sinistralidade da carteira baixou de 86% para 82%. A receita de prêmios cresceu 3%, totalizando R$ 3,3 bilhões em 2005. "Tivemos uma redução da atividade de saúde basicamente devido ao cancelamento de apólices e melhor subscrição de apólices grupais", explicou Patrick Larragoiti, presidente da SulAmérica. As vendas para pequenas e médias empresas cresceram 14% comparadas a 2004.
A AGF Saúde teve um lucro líquido de R$ 23 milhões, para um faturamento 22,6% maior, atingindo R$ 222,7 milhões, com um índice de sinistralidade de 71,7%, um dos menores do mercado. Peter Rosemberg, executivo da área na AGF, destaca a gestão de casos complexos e prevenção como estratégia para controlar o "inexorável" avanço dos custos médicos e hospitalares.
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