Novo procedimento aumenta a taxa de sobrevida em pacientes submetidos à angioplastia
As doenças cardíacas e os acidentes cardiovasculares são as principais causas de mortes no mundo, matando 17,5 milhões de pessoas por ano. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, no Brasil, 300 mil pessoas tornam-se vítimas fatais todos os anos. Durante cerca de dois anos, a equipe médica do cardiologista Rogério Moura realizou um estudo sobre os benefícios do cateter de trombectomia com 152 pessoas que sofreram infarto agudo do miocárdio e precisaram ser submetidas a uma angioplastia. Metade dos pacientes foi operada com o uso do cateter e a outra parte da forma tradicional. O novo dispositivo provou, através da análise comparativa dos resultados, melhorar a recuperação e aumentar a taxa de sobrevida de pacientes infartados. Os resultados foram apresentados este ano, no maior congresso de cardiologia do mundo: a 58ª Sessão Científica Anual promovida pelo American College of Cardiology, em Orlando, Estados Unidos. A pesquisa tem importância internacional, já que ainda não havia nenhum estudo prático que comprovasse as vantagens do cateter de trombectomia.
O procedimento tradicional usado em cirurgias do coração, no caso de infartados, não consegue retirar o coágulo que entope a artéria, apenas o desfaz. Os pedaços do coágulo se espalham pelas veias e ventrículos podendo ocasionar obstrução da macro e da microcirculação dos mesmos. Cerca de 80% dos pacientes com infarto agudo costumam sofrer com este tipo de problema – a chamada embolização distal - durante a operação, o que reduz a efetividade do procedimento e aumenta a probabilidade do paciente sofrer de insuficiência cardíaca. Já o novo cateter é capaz de retirar totalmente o trombo, que é responsável pela oclusão da artéria no infarto, através de um sistema de vácuo. Dessa forma o dispositivo eleva os índices de circulação do sangue por todo o coração aumentando as chances de sobrevida do paciente e acelerando a recuperação pós-operatória.
Resultados benéficos
Em menos de um mês, 88,2% dos pacientes que foram submetidos à angioplastia com o cateter apresentaram um eletrocardiograma normalizado, número duas vezes maior do que o alcançado pelo outro grupo. Ainda segundo o estudo, quase 90% das pessoas que utilizaram o cateter conseguiram recuperar a circulação total do sangue pelo coração. Outra vantagem apontada pelo estudo foi a redução significativa da necessidade do uso de inibidores e de pré-dilatações para o implante dos stents, dispositivo colocado na artéria que a impede de voltar a se fechar. “A angioplastia realizada com o cateter só traz benefícios para a saúde dos pacientes. A operação pode acontecer em bem menos tempo e com muito mais segurança”, aponta o médico Rogério Moura, Coordenador do Serviço de Cardiologia Intervencionista e Hemodinâmica do Hospital Balbino, vice-presidente da Sociedade de Cardiologia Intervencionista do Estado do Rio de Janeiro e coordenador do estudo.
A importância da pesquisa
A pesquisa tem importância internacional, já que ainda não havia nenhum estudo prático que comprovasse as vantagens do cateter de trombectomia. Apesar de existir alguns estudos teóricos sobre o cateter de trombectomia, era necessário um estudo prático e com um tempo de acompanhamento dos pacientes para que o dispositivo pudesse fazer parte da rotina da angioplastia. A falta dessa comprovação é o argumento utilizado por grande parte dos planos de saúde que não cobrem a angioplastia com o cateter. Apesar de o dispositivo já estar disponível no Sistema Único de Saúde, muitas vezes ele não é utilizado porque a equipe técnica desconhece seu efetivo benefício ou não sabe como usá-lo, já que faltava uma comprovação prática para sua disseminação. “O Brasil possui excelentes profissionais na área da cardiologia. Participar de um congresso do American College é reforçar a competência do médico brasileiro para o mundo inteiro”, afirma Rogério Moura.
Sugestão de fonte
Rogério de Moura - Coordenador do Serviço de Cardiologia Intervencionista e Hemodinâmica do Hospital Balbino (RJ). Especialista em Cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia/Associação Médica Brasileira (SBC/AMB). Especialista em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia/Associação Médica Brasileira (SBC/AMB). É vice-presidente da Sociedade de Cardiologia Intervencionista do Estado do Rio de Janeiro (Socierj) e professor do Curso de Pós-Graduação da Fundación Don Roberto Fernandez Viña (Argentina).
FONTE:
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